A saúde bucal de pessoas com deficiência e/ou comportamento difícil apresenta muitos desafios, especialmente quando se trata da realização do atendimento odontológico e manutenção da saúde bucal, de forma adequada e segura. Com o objetivo de solucionar esse problema, a pesquisadora e cirurgiã-dentista Ana Cecília Moreira desenvolveu o Abreboca, dispositivo inovador destinado a abrir - e manter aberta -, a boca de pacientes, durante procedimentos odontológicos ou cuidados bucais diários. O projeto 'Abreboca - Abridor de boca para pessoas com deficiência' foi apresentado no estande da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (Fapema), integrando a programação do II Congresso de Saúde Coletiva, realizado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES), em parceria com a Fundação.
Executado com apoio da Fapema e Sudene, por meio do edital Centelha, o dispositivo pode ser um facilitador para profissionais da saúde, cuidadores e famílias que têm pessoas com deficiência, idosos e com algum comportamento que dificulte o trato bucal. O Abreboca se mostra como solução revolucionária para a odontologia e cuidados com pacientes que apresentam dificuldades em manter a boca aberta. A proposta tem como objetivo garantir a abertura da boca, mas também sua estabilização, permitindo um atendimento mais seguro e eficiente.
“Apoiar projetos como o Abreboca está totalmente alinhado à missão da Fapema de promover soluções inovadoras com impacto social. Essa tecnologia tem um enorme potencial de transformar o atendimento odontológico. É gratificante ver ideias como essa se concretizando com o nosso apoio”, destaca a coordenadora de Inovação e Empreendedorismo da Fapema, Isaura Modesto.
Atualmente, não há um dispositivo específico, confortável e que atenda às normas de biossegurança para abrir e manter a boca de pacientes com deficiência ou comportamento difícil, durante o atendimento odontológico, afirma a pesquisadora. “Isso tem gerado dificuldades para profissionais da saúde, cuidadores e as famílias também. Essa barreira para o trato bucal pode gerar várias situações, como aumento da incidência de cáries e complicações bucais, além de prolongar o tempo de atendimento e causar desconforto ao paciente”, explica Ana Cecília Moreira.
O Abreboca é esterilizável, de baixo custo, fácil manuseio e projetado para ser confortável e eficaz. Seu formato de dedeira, com uma ponta alavanca, possibilita a abertura da boca, mesmo quando os dentes do paciente estão cerrados, mantendo-a aberta de forma estável durante todo o procedimento. A tecnologia foi desenvolvida para ser autoclavável (pode ser esterilizado em equipamento a vapor), resistente e adaptável à realidade de profissionais e cuidadores.
O Abreboca foi submetido a diversas fases de teste e qualificação, incluindo testes de resistência, compressão, autoclavagem e usabilidade, e obteve aceitação de profissionais da área odontológica e também cuidadores. “Estamos prontos para levar essa tecnologia ao mercado, o que representa uma grande oportunidade tanto para a saúde bucal quanto para a inclusão social”, pontua a coordenadora do estudo e cirurgiã-dentista, Cyrene Piazera. O produto está em processo de patente e procedimentos para produção em escala e inserção no mercado. Essa conclusão é muito aguardada pela equipe, que além da pesquisadora e coordenadora, conta ainda com o acadêmico de Odontologia Eduardo Ferreira; o dentista Rafael Gonçalo; o diretor de Operações e administrador Matheus de Azevedo; e o designer Helton Carvalho.
“A aceitação que tivemos foi bem positiva, o que abre portas para uma produção e comercialização. Queremos garantir a independência nessa produção, facilitando o acesso a profissionais e cuidadores, com um produto de custo competitivo”, reforçou Ana Moreira. Ela acrescenta que o impacto do Abreboca no mercado odontológico será expressivo. “Com um custo acessível e uma solução prática eficiente, o Abreboca pode melhorar a qualidade do atendimento e a experiência de pacientes e profissionais da área de odontologia. A Fapema tem sido uma parceria importante nessa nossa jornada, que está sendo concretizada com muito êxito”, reiterou.
A também cirurgiã-dentista Natália Correa visitou o estande da Fapema e ficou interessada no dispositivo que, em sua avaliação, tem chances de se tornar um facilitador muito utilizado pelos profissionais odontólogos. “Atualmente, utilizamos diversas estratégias, especialmente no ambiente hospitalar. Caso seja necessário atender um paciente domiciliar, esse recurso pode ser muito útil. Qualquer ferramenta que facilite o processo é sempre bem-vinda e reconhecermos a intenção e o potencial de trazer algo inovador para o mercado. Acredito que, quando estiver pronto para ir ao mercado, será muito bem recebido”, avalia.